Aluno da rede pública vence déficit de atenção e passa em medicina na UFC
Ele é o primeiro da escola EEP Eusébio de Queiroz a ingressar no curso. Jovem tinha jornada tripla entre colégio, estágio e cursinhos
Conseguir se concentrar em uma única atividade sempre foi uma das dificuldades do estudante Felipe Mazza de Lima, 17, morador do município do Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza. O déficit de atenção que o obrigou a ter um acompanhamento e a tomar remédios durante a infância não impediu a aprovação na primeira edição de 2017 do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), para o curso de medicina, na Universidade Federal do Ceará (UFC).
“Aprendi a controlar o déficit, então, ele já não me afeta mais como antes. Quando preciso estudar me isolo e fico longe do barulho”, explica.
Com 980 pontos na redação e 740 na média do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), Felipe ingressou nas cotas reservadas aos estudantes de escolas públicas e se tornou o primeiro aluno da Escola Estadual de Educação Profissional Eusébio de Queiroz a ingressar no curso.
Filho mais velho de três irmãos, Felipe teve que conciliar a jornada tripla entre as aulas do terceiro ano do ensino médio na escola, o estágio de técnico de logística em uma loja em Fortaleza e um curso extensivo de preparação para o Enem. Aos fins de semana, o adolescente ainda participava das aulas de um cursinho de preparação da UFC. “Também acordava antes do horário de ir para aula, assim aproveitava para revisar o conteúdo”, afirma. Para facilitar a participação nos cursos, que eram na capital, Felipe chegou a passar uma temporada na casa da tia.
O sonho de ser médico surgiu ainda na infância, mas quase foi interrompido pelo desejo de ser jogador de futebol. “Quando fazia o primeiro ano passei dois meses em São Paulo para jogar em um clube e abandonei a escola, mas me machuquei sério e tive que voltar. O colégio me aceitou de volta e eu investi nos meus estudos”, relembra. A atividade esportiva não deixou de fazer parte da vida de Felipe e era a ela que ele recorria nos momentos de lazer para amenizar a tensão dos estudos.
Para a mãe Renata Mazza, a aprovação de Felipe não foi novidade, pois ele já havia participado de outras duas edições do Enem e também obteve bons resultados. “Ele sempre foi muito dedicado com as coisas que quer, então já sabíamos que mais cedo ou mais tarde ele iria conquistar seu sonho”, afirma.
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