Colombianos são suspeitos de formar rede de agiotagem no Ceará; 17 são presos desde 2018
Empréstimos realizados por estrangeiros são voltados para comerciantes e possuem juros diários e abusivos.
A polícia cearense prendeu ao menos 17 colombianos pela prática de agiotagem no estado desde 2018. Os crimes têm se espalhado por Fortaleza, Região Metropolitana e interior, e se caracterizam por empréstimos com juros diários e abusivos.
O G1 entrou em contato com dois serviços de agiotagem comandados por colombianos. Na primeira ligação, quem atende é um homem que fala em espanhol. Ele pergunta qual o ramo do comércio do interessado e, ao saber que o dinheiro seria para uso pessoal, o credor responde que não trabalha para esse público, apenas para comerciantes.
Na segunda ligação, quem atende é uma mulher. Ela revela que o empréstimo também é feito apenas para comerciantes, que um fiscal irá até o empreendimento avaliá-lo, que o pagamento deve ser feito diariamente – em espécie e parcelado em até 20 vezes (20 dias seguidos) – e que um funcionário irá receber o dinheiro no local todos os dias.
Questionada pelo G1, ela responde que a porcentagem de juros será acertada na visita do fiscal e que a empresa não possui sede física, com todo o atendimento feito no comércio do contratante.
A prática popularmente conhecida como agiotagem é um crime contra a economia popular, previsto na lei, que determina que é crime “cobrar juros, comissões ou descontos percentuais, sobre dívidas em dinheiro superiores à taxa permitida por lei; cobrar ágio superior à taxa oficial de câmbio, sobre quantia permutada por moeda estrangeira; ou, ainda, emprestar sob penhor que seja privativo de instituição oficial de crédito”.
A pena varia de 6 meses a 2 anos de detenção, mas pode ser aumentada conforme a gravidade da ação.
Prisões em Fortaleza
Três colombianos foram presos em flagrante pela Polícia Militar, no Bairro Jardim Iracema, em Fortaleza, em 4 de maio deste ano, após denúncia anônima. Christian Felipe Lopes Benjumea, Janier Humberto Marquez Barragan e Jose Dorian Vanegas Benjumea possuíam R$ 7 mil e $ 2,178 milhões (valor em peso colombiano, que equivale a cerca de R$ 2.596) em espécie, uma caderneta com anotações das dívidas e blocos de crediário, que foram apreendidos.
Os advogados de defesa dos colombianos citados não foram localizados. O cônsul da Colômbia em Fortaleza, único responsável pelo Consulado, foi procurado pelo G1; ele não se encontrava na sede da instituição e não foi localizado.
A reportagem apurou que, durante a abordagem policial, Jose Dorian tentou subornar os PMs com R$ 500. O trio foi levado ao 7º Distrito Policial, da Polícia Civil, no Bairro Pirambu, e autuado por associação criminosa, corrupção ativa e crimes contra a economia popular (conhecido como agiotagem).
Em depoimento, Jose justificou que ofereceu o dinheiro aos servidores públicos porque estava nervoso, mas negou que pratica agiotagem e alegou que é sócio de um restaurante, no Centro de Fortaleza, e vende itens de perfumaria.
Os outros dois suspeitos também negaram a participação nos crimes. Christian Felipe contou que vende lingerie e trabalha no restaurante do seu tio, Jose Dorian. Já Janier Humberto disse que está desempregado e tem conhecimento que alguns compatriotas trabalham com o empréstimo de dinheiro no Brasil, mas não seria o seu caso.
Os estrangeiros foram levados à audiência de custódia em 8 de maio, quando a juíza da 17ª Vara Criminal – Vara de Audiências de Custódia determinou a substituição da prisão pela aplicação de medidas cautelares em liberdade, tais como uso de tornozeleira eletrônica, comparecimento mensal na sede da Central de Alternativas Penais, entrega dos passaportes e pagamento de fiança. O trio também foi proibido de sair de Fortaleza. A decisão considerou que os suspeitos tinham bons antecedentes criminais e não representavam uma ameaça à sociedade.
Casos no interior
Crateús, no Sertão dos Inhamuns, tem o maior número de colombianos presos por agiotagem, desde 2018, no Ceará. Em julho do ano passado, a PM realizou a prisão de quatro estrangeiros. Em março do mesmo ano, cinco colombianos já haviam sido detidos por agiotagem e associação criminosa, no Município.
Fonte: G1 CE - https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2019/06/04/colombianos-sao-suspeitos-de-formar-rede-de-agiotagem-no-ceara-17-sao-presos-desde-2018.ghtml
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