Integrantes de facção criminosa no Ceará pretendiam ações em represália à transferência de Marcola
Interceptações telefônicas mostraram que os investigados conversaram sobre a possibilidade de realizar ações para "parar o Brasil".
Uma investigação do Ministério Público do Ceará (MPCE) descobriu que integrantes de uma facção pretendiam realizar ações criminosas no estado em represália à transferência de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como chefe máximo do grupo.
Marcola estava recolhido na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, em São Paulo, ao lado de outros integrantes da cúpula da facção criminosa, que tem atuação nacional. Ele foi transferido para a Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia, em 13 de fevereiro deste ano, para cumprir a pena em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), isolado de outros internos. Dois meses depois, foi enviado à Penitenciária Federal de Brasília, no Distrito Federal.
A transferência do número 1 do grupo fez com que faccionados de vários estados, inclusive do Ceará, planejassem ações criminosas.
O G1 obteve acesso a informações da Operação Jericó, deflagrada pelo MPCE no dia 15 de agosto para combater a atuação da facção criminosa.
Interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça mostraram que os investigados conversaram sobre a transferência de Marcola e a possibilidade de um “salve” da facção para que fossem realizadas ações para “parar o Brasil”.
Em um áudio, um suspeito afirma que a facção pediu a “sintonia” (adesão) de todos os membros no plano criminoso, que é necessário realizar um cadastro, e acrescenta que a organização visa a integridade dos “irmãos” (integrantes).
Mandados de prisão
A partir dessas e outras informações, o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do MPCE, solicitou a prisão preventiva de 18 acusados, e a Vara de Delitos de Organizações Criminosas do Ceará concedeu os mandados.
Entre os alvos da Operação, estavam chefes da facção no Ceará: Fábio Eugênio Lima Rodrigues; Francisco Zilvan Nunes da Silva; Francisco Yaggus Annemberg de Oliveira; David Gomes da Costa; Luan Trajano Rodrigues; Rodrigo Lima de Sousa; Guilherme Erick Sales dos Santos; e Antônio Carlito Rodrigues Paulino.
Os outros mandados de prisão se destinaram aos responsáveis por executar as ações criminosas: Geane Cleia Pereira Rodrigues; João Paulo Pereira Costa ; Antônio Magela Melo dos Santos; Francisco das Chagas Ribeiro dos Santos; Antônio Zaquiel Luso; Valney Morais de Souza; Maria Elisângela Gonçalves de Souza; Taiz Alves de Lima; João Silva Rodrigues; e Sebastião Camelo Leitão.
A quadrilha é suspeita de envolvimento com os crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico, comércio de armas de fogo, homicídios e ataques a agentes e prédios públicos na Capital, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e no interior do Ceará.
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Integrantes presos
A maioria dos investigados na Operação Jericó já tinha passagens pela polícia. Fábio Eugênio, junto de um amigo, havia sido capturado pela Polícia Federal (PF) e pela Força Nacional por tráfico de drogas, em 26 de janeiro deste ano.
A abordagem aconteceu no Aeroporto Internacional de Fortaleza, quando a dupla desembarcou de São Paulo com 40 kg de maconha divididos em duas malas.
Guilherme Erick também já havia sido preso por tráfico de drogas, no bairro Bom Jardim, em uma investigação do 12º Distrito Policial, em fevereiro deste ano. Com o suspeito e um comparsa, os policiais apreenderam crack, cocaína e maconha. A dupla seria responsável por vender entorpecentes para outros membros da facção.
Francisco Yaggus foi o último integrante da quadrilha detido. Foragido desde a deflagração da operação do Ministério Público, ele foi localizado pela PF e pela Força Nacional no município de Pindoretama, na Grande Fortaleza, no último dia 23 de agosto. Além do cumprimento do mandado de prisão preventiva, o suposto chefe da facção criminosa foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo.
Chefe máximo
Marcola cumpre uma pena total de 330 anos de prisão. A transferência dele e de mais 21 membros da facção para presídios federais foi motivada pela descoberta de planos de fuga dos chefes do grupo criminoso e de assassinato do promotor de Justiça Lincoln Gakiya, que atua no combate à organização criminosa em São Paulo.
No Ceará, Marcola responde a um processo por um roubo, ocorrido no ano 2000. Cerca de R$ 1,4 milhão foi levado da empresa Nordeste Segurança de Valores (NSV), em Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza. A ação penal contra o chefe da facção ainda não foi julgada e está próxima de completar 20 anos e prescrever.
Por G1 CE
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